Visagens e Assombrações de Belém de Walcyr Monteiro

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Resenha

Me lembro que a primeira história que ouvi e me deixou com medo foi a da Matinta Pereira, que aparecia na porta das casas pedindo tabaco, e seu assobio muito característico “Firififififiiuu”.

Difícil você morar em Belém do Pará e não ter escutado essa e outras tantas lendas e histórias de visagens e assombrações, como lobisomens, Matintas, velhas que se transformam em animais, carros misteriosos dentre outras.

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O trabalho do autor Walcyr Monteiro, que desde a década de 1970 vem escrevendo sobre as visagens de Belém (e da Amazônia), é importante para preservar esse patrimônio cultural de nossa cidade, muitas vezes sem registro escrito, passando de pai para filho, ou no meu caso de avó para neto (avós, porque as duas contavam histórias).

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Já li e reli o livro inúmeras vezes, e alguns dos casos relatados, já conto como se tivessem sido presenciados com meus próprios olhos. Além de ser muito bem ilustrado, possui material de apoio com fotos e matérias de jornal o que deixa a obra mais rica ainda.

Um livro obrigatório a todos que desejam conhecer mais nossa cultura, além de ser um livro muito bem escrito, embasado com entrevistas reais a pessoas que presenciaram os fatos.

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A edição que li é a de 2007 da Smith Editora com 283 páginas.

A Moça do Taxi

Raimundo dirigia pela Avenida Independência em direção ao Largo de Nazaré (Praça Justo Chermont). Quase ao chegar à Travessa 14 de Março, uma jovem fez sinal para o táxi. Raimundo parou.

-Por obséquio, deixe-me na Avenida José Bonifácio, defronte ao Cemitério de Santa Izabel.

O motorista seguiu para o endereço dado. Ao chegar a moça falou:

-Estou sem dinheiro trocado. Mas o senhor faça o favor de cobrar, amanhã, neste endereço.

Entregou um pedaço de papel a Raimundo, no qual estava anotado o seu nome, tendo por baixo: Avenida Nazaré nº…casa do senhor fulano de tal. Meio contrariado, o motorista segurou o papel que lhe era oferecido.

-Mas logo hoje, que a renda está fraca, pensou!

No dia Seguinte, pela manhã, o motorista foi ao endereço dado pela moça.

-Bom dia! Mora aqui o senhor fulano?

-Bom dia! Sim, mora. O que o senhor deseja?

-Vim cobrar uma corrida…

-???!

Vim cobrar uma corrida de táxi da filha dele.

-Mas ele não tem filha, ou melhor, nós não temos, por que sou a esposa dele.

-Não é possível!

-Ora, não tenho porque lhe mentir…

_Mas ontem uma moça assim, assim, correu toda a cidade em meu carro e me mandou cobrar aqui, dizendo ser filha do senhor fulano.

A senhora empalidece.

-Olhe eu já lhe disse que não temos filhas…

Nesse momento, pela porta entreaberta, o motorista nota o retrato de uma moça. E apontando-o, diz:

-A moça é aquela ali!

A senhora rompe em soluços.

-Não é possível… aquela moça era nossa filha… mas ela já morreu há tanto tempo… E, realmente, e realmente, o pai costumava lhe dar de presente uma volta de táxi pela cidade.

O motorista começa a ficar nervoso. Já não se interessava em cobrar a corrida. Só quer esclarecer se a moça que pegou seu carro estava viva ou não.

O caso é solucionado pela chegada do marido, que afirma a morte da moça, prontificando-se a levá-lo ao Cemitério. E lá mostra o túmulo, onde o motorista vê um retrato igual ao que havia na casa…

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Josephina Conte a Moça do Taxi (Foto: Ingrid Bico/ G1)

Matéria de 2013 do G1 Pará falando sobre a sepultura da moça do taxi:

http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/11/sepultura-de-moca-do-taxi-atrai-curiosos-em-belem.html

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6 comentários Adicione o seu

  1. Thyago disse:

    Também tenho uma resenha deste livro! vou colocar no blog. E Nunca devia ter vendido meu exemplar. : /

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    1. Thyago, esse livro é uma preciosidade. Quando colocares a resenha me avisa que vou ler 🙂

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  2. Rudá Frias de Pinho disse:

    Excelente 😀

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  3. Ellen disse:

    Eu tinha muito medo dessas lendas regionais 😄

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  4. Daniela Mara Marinho disse:

    Lembro de quando era criança, nós sentávamos pra ver catalendas e era tão assustador! E tinham todas essas lendas, era muito legal

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