A Trama
Na floresta aos pés da Montanha Ruwenzori, nos limites de Congo e Uganda, viveu o rei dos leões brancos Panja, que reinou por toda aquela terra e protegeu os animais mais fracos dos ataques vorazes dos seres humanos.
Depois que Panja é morto por caçadores, sua companheira Eliza é enviada a um zoológico na Inglaterra em um navio, e à bordo, ela dá a luz a um pequeno macho, o Príncipe Kimba.
Eliza diz a Kimba que ele deve voltar à África e ao trono de seu pai. Ela então o joga pra fora do navio. Depois de sua fuga, o navio se depara com uma violenta tempestade e afunda nas profundezas do oceano com Eliza, deixando o jovem Kimba órfão.
Kimba então começa sua longa jornada, encontrando amigos e desafios a cada passo, até de ver de volta a sua terra natal, onde dificuldades e surpresas o aguardam!
O Mangá e suas Adaptações
Kimba, o leão branco, foi produzido entre 1950 e 1954, totalizando 3 volumes. A obra foi serializada na Manga Shounen, revista já há muito extinta. Na versão original é chamado de “Jungle Taitei”, literalmente O Imperador das Selvas.
O mangá, nos dias atuais, é uma das obras com mais traduções para outras línguas, tendo sido já lançado em alemão, árabe, catalão, chinês, coreano, espanhol, francês, italiano, polonês, russo, dentre outros, finalmente chegando ao Brasil.
O mangá foi também adaptado para vários animes. O primeiro foi produzido pela Mushi Production em 1965 e foi o primeiro anime em cores no Japão. Após esse, em 1966, foi produzido um filme. Ambos tendo passado por aqui na década de 70 na extinta TV Tupi, dublados pelo estúdio Sigma. Mais tarde, em 1989 uma segunda série foi produzida, dessa vez pela Tezuka Productions. Ainda em 2009, o mesmo estúdio lançou um filme, dirigido por Gorou Taniguchi, de Code Geass.
Os Personagens
Kimba: Leo no original, é um jovem leão branco, filhote de Panja e Eliza. Por ter sido criado por humanos, tem ideas inovadoras e resiste aos seus instintos selvagens.
Panja: Pai de Kimba, era o rei dos leões brancos e rei da selva. Protegia ferozmente os animais dos humanos e outros predadores. Acaba assassinado tentando proteger seu amor, Eliza.
Eliza: Mãe de Kimba, depois de presa pelos humanos, Panja tenta salvá-la, mas acaba sendo morto em sua frente. Eliza então dá luz a Kimba num navio e, para salvá-lo do cruel destino de viver num zoológico, joga-o no mar na esperança de que o filhotinho encontre o seu caminho para a África.
Kenichi: Humano, amigo de Kimba, encontra-o em apuros e o ajuda, tornando assim o leãozinho parte de sua família. Mais tarde parte para a África em uma expedição levando o jovem Kimba para sua terra natal.
O Autor
Osamu Tezuka é o “divisor de águas” na história do mangá e do animê. Nascido na cidade de Osaka em 1926, filho de uma família de classe média, virou um símbolo por ter passado seus últimos anos de vida lutando para elevar o mangá, que antigamente era visto como entretenimento de criança, a um patamar em que agradasse leitores de todas as idades.
Durante seus mais de quarenta anos de carreira, escreveu mais de 150 mil páginas, divididas em 600 títulos e 60 trabalhos de animação. Recentemente suas obras têm saído pela NewPOP, entre elas Metrópolis, Dororo e agora Kimba!
Resenha
A primeira vez que tive contato com o personagem foi através do desenho que passava em meados dos anos 90, e na época imaginava que tinha sido inspirado em o Rei Leão da Disney. Após conhecer mais a obra de Osamu Tezuka, descobri que o mangá foi publicado na Década de 50, nada menos que 40 anos antes do filme da Disney ser lançado. Decidi finalmente ler o mangá (vol #1).
A arte de Tezuka é bem característica, tanto que os personagens humanos dessa história apresentam grande semelhança a outros de outros livros do mesmo autor. Tentei ler o mangá, sem reparar as diferenças e semelhanças com o personagem da Disney, mas encarando com uma obra única, que transmite diversas mensagens ao leitor, de maneira discreta ou não. Para mim, o tema central é a convivência entre humanos e animais. Em diversas passagens os animais parecem bem mais civilizados do que os humanos. Com exceções de ambos os lados claro.
O autor já foi acusado de racismo pela forma que retratou os personagens nativos da África. Após a leitura do livro, compreendi que a maneira como foram retratados refletem o pensamento da época em que o mangá foi escrito. E para as pessoas que prestam bem atenção na obra, existem caracterizações exageradas não somente dos personagens africanos, como de todos os outros de maneira geral. Não sou conhecedor profundo da obra de Tezuka, mas cheguei a conclusão de que o tema central da obra (preservação do equilíbrio da natureza) é muito mais importante do que repreender um autor que escreveu a obra a quase 70 anos. (As obras refletem o período que foram escritas)
Recomendo a leitura a todos que queiram conhecer um pouco mais do trabalho do gênio por trás do mangá como conhecemos hoje. Abaixo deixarei o link da Editora NewPop:
http://www.newpop.com.br/?p=330
Informações Técnicas
Interessante e não conhecia nem o autor muito menos a história de Kimba. A princípio achei muito interessante e bem parecida com um história que escrevi sobre os Jinkinsi dessa cultura a Bantu. O Grande Leão Branco é um ícone em várias culturas africanas e principalmente na Cultura Bantu, mas não haveriam os leões brancos segundo os expert ou que se julgam ser. Nessa parte da África o que eu em particular e com minha pouca cultura afirmo que pode não haver hoje, mas como explicar as pegadas do mesmo na subida do Kilimanjaro que dá origem a lendas dessa cultura N’Kosi, tanto que até hoje o Hino do Continente africano ainda é o mesmo ?
Acredito ainda que as Cordilheiras Ruwenzori descritas pelo autor sejam as que os nativos chamam também de Nanu, vai saber…
Enfim é uma cultura muito rica e aos poucos vai se perdendo.
Quanto ao acharem que Osamu Tezuka possa ter parecido racista por alguma citação mais forte, quem dirá dos que se enfrentem com as histórias de Ce Niamby, mil vezes pior que Adolf Hitler ao qual lhe imputam a morte de mais de 6 milhões de judeus enquanto Ce Niamby apenas devorou junto com seu clã mais de 35 milhões de Mbuti (Pigmeus) levando-os quase a extinção.
Fica ai o Hino do Continente africano.
N’Kosi e!
https://www.letras.mus.br/miriam-makeba/1120805/
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Fico feliz com seu comentário. A obra de Tezuka é vasta e acredito que não tenha sido totalmente compreendida. Estou pesquisando mais sobre a obra e cada vez tenho certeza de que o autor não foi racista. Apenas representou esteriótipos que eram comuns a sua época.
O leitor atento percebe que na verdade a representação caricata foi feita com outras culturas retratadas (em breve postarei mais a respeito) recurso que já foi utilizado por outros escritores como Júlio Verne ou até mesmo outro quadrinista como Hergé.
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Vi esse filme quando era bem criança, não sabia que tinha tanta repercussão atualmente. Gosto muito dessa história, apesar de me lembrar um pouco uma determinada obra da DIsney.
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Que interessante, não conhecia. Ótimo post!
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