As Viagens de Gulliver (Jonathan Swift)

Jonathan Swift fazia parte do clero irlandês, escreveu as viagens de um homem através de lugares distantes e seres fantásticos, mas a leitura torna-se ainda mais agradável, quando você consegue perceber que a sátira está ancorada em situações reais, talvez até mais absurdas do que as descritas no livro. Vamos falar brevemente sobre cada uma delas:

Parte I: Uma Viagem a Lilliput (4 de Maio de 1699)

A aventura de Lemuel Gulliver começa em um naufrágio. Após acordar na praia percebe que seu corpo está amarrado ao chão, e que pequenos seres humanos doze vezes menores que ele (com uns 15 cm de altura) reagem com desconfiança ao gigante. Gulliver está na ilha de Lilliput, onde seus moradores fazem parte de uma corte em que privilégios são dados a bajuladores que precisam andar em uma corda fazendo peripécias.

Uma sátira a corte inglesa, e mais tarde em Blefuscu, a nação rival, inspirada na corte francesa. O autor é genial em comparar os dois reinos, que na essência são praticamente iguais em suas falhas e que estão em guerra por não decidirem qual o lado certo os ovos devem ser quebrados.

Blefuscu e Liliput representam uma monarquia nepotista, injusta, e que beirava o ridículo em muitas situações. O tamanho dos moradores das duas ilhas, que em relação a Gulliver são pequenos, não deixa de ser uma ironia ao tamanho de seus egos e das inspirações reais para a sua criação.

Parte II: Uma Viagem a Brobdingnag (20 de Junho de 1702 – 3 de Junho de 1706)

A segunda viagem de Gulliver o leva a uma península na América do Norte, em que a grama é muito alta, do tamanho de árvores. O nosso viajante é encontrado por um homem simples, que tem mais de 20 metros de altura. Desta vez ele é o pequeno, em meio uma terra de gigantes, mostrando que tudo é uma questão de perspectiva. Logo Gulliver é exposto como uma atração, acaba enfrentando perigos como animais que são enormes em relação a ele e acaba adoecendo.

O homem que o encontrou, que era um fazendeiro, decide vender o pequeno para a rainha de Brobdingnag, assim ele passa um tempo na corte e aqui o autor aproveita para discutir um pouco de política, nas conversar em que Gulliver têm com o rei.

Um parte que chama atenção, é quando algumas mulheres o colocam entre os seios por exemplo, e o personagem não tarda a dizer que achava aquilo repugnante, descrevia verrugas, deformidades e odores. O príprio Swift vivia em uma época em que banhos eram tomados apenas uma vez por mês, os hábitos de higiene e saneamento eram precários, então ele próprio evitava contatos muito próximos.

Voltando ao viajante Gulliver, após ser colocado em uma caixa, grande o suficiente para lhe parecer uma casa ou um barco, a caixa é sequestrada por uma águia, para logo após cair no mar. Assim ele navega até retornar para casa.

Parte III: Uma Viagem a Laputa, Balnibarbi, Luggnagg, Glubbdubdrib 

e Japão (5 de Agosto de 1706 – 16 de Abril de 1710)

Após ser resgatado pela ilha voadora de Laputa, Gulliver o nosso náufrago por profissão, conhece uma sociedade dedicada ao estudo das artes da música e astronomia. Embora todos os experimentos a que ele é apresentado, não tenham um fim prático, ou sejam completamente inúteis. Vale ressaltar que por ser um ilha voadora, Laputa atacava seus inimigos jogando pedras, duzentos anos depois se tornaria possível com a aviação de guerra.

Passa por Balnibarbi, em que presencia uma experiência que tinha como objetivo retirar raios de sol de pepinos. O próprio autor parecia um pouco incrédulo em relação a ciência da sua época e isso pode ser percebido em vários trechos da parte III do livro.

Em Glubbdubdrib (sem dúvida o nome mais difícil de escrever aqui) através do auxílio de um mago, consegue conversar com diversos vultos da história, como Júlio César e Homero.

Antes de seguir viagem para o Japão, faz uma parada em Luggnagg em que conhece os struldbrugs, que são serem imortais. Aqui mais uma vez o autor torna sua obra um tanto profética dos dias atuais. Os struldbrugs podem viver muito, mas cada vez mais se tornam velhos e decrépitos, mostrando sinais de senilidade. Apesar dos métodos paliativos que encontramos para prolongar a nossa vida, o corto e a mente ainda possuem limitações que ficam cada vez mais difíceis de camuflar ou de reverter.

Em sua chegada ao Japão temos a oportunidade de comparar todos os reinos fictícios apresentados, ao império Japonês e seus costumes que para a época de Swift ainda eram pouco compreensíveis para os padrões europeus. Ao voltar para casa, Gulliver decide não voltar ao mar.

Parte IV: Uma Viagem ao país dos Houyhnhnms (7 de Setembro de 1710 – 2 de julho de 1715)

Após um período trabalho como cirurgião, Gulliver se vê entediado e retorna ao mar, após um motim e de um certo tumulto em seu navio (nunca viajaria no mesmo navio que ele!) acaba abandonado em terra. Nesse novo local encontra um povo humanoide, de aspecto sujo e selvagem, quase bestial, que gera repulsa no viajante.

Depois descobre que está no país dos Houyhnhnms, seres com aparência de cavalos, mas educados e falantes, um contraste com os Yahoos, que o viajante havia sentido tanta repulsa. Após algum tempo de convivência com os Houyhnhnms, chegam a conclusão de que ele próprio seria um Yahoo, apesar dele não se considerar um. Sua educação lembra a dos cavalos, mas sua aparência o classifica como uma besta selvagem. Por isso, acaba sendo expulso deste país, para mais tarde ser resgatado por um navio, e levado de volta para casa.

De volta ao lar, Gulliver vive seus dias recluso, passando a evitar sua família e conversando boas horas do dia com seus cavalos.

Assim encerra o livro, mas iniciam uma série de reflexões sobre a natureza humana, sobre a ciência, sistemas políticos, sexualidade e diversos outros temas que estão contidos nesta sátira. Recomendo a boa leitura a todos.

Para ler a obra, basta clicar nas capas abaixo:

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“Quando um verdadeiro gênio aparece no mundo é logo reconhecido por este sinal: os tolos ligam-se todos contra ele.”  – Jonathan Swift

 

6 comentários Adicione o seu

  1. Claudia Vidal disse:

    Este é um dos meus livros preferidos. Goste muito desta resenha. Te recomendo também a leitura de “Uma Proposta Modesta” do mesmo autor caso ainda não tenhas lido.

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    1. Obrigado pelo comentário Cláudia, um elogio vindo de alguém que entende muito da obra é muito gratificante. Vou procurar essa recomendação 😀

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  2. Daniela Mara Marinho disse:

    Eu assisti o filme, mas não achei que honrou a obra original

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  3. Ellen disse:

    Que post legal! Essa última frase citada acho super verdadeira!

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  4. Égua do post. Muito bom! Acreditas que tenho o livro e nunca tinha lido? Depois desse panorama todo fiquei muito afim de começar a conhecer melhor as histórias do Gulliver 😊

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    1. É um livro cheio de sátiras. Por ser um pouco longo recomendo ler por partes. A cada novo lugar que ele ia, pesquisava muitas coisas na internet. 😀

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