Havia acordado de um cochilo, olhou em volta, estava em um hospital, muito movimentado, na sua frente um elevador, que não parava um segundo sequer, alguns corriam para não perdê-lo e os que não podiam correr, se arrastavam a passos lentos ou eram empurrados até a sua porta.
Não sabia se era dia ou noite, se estava frio ou calor, as luzes artificiais que iluminavam o hospital, deixavam o ambiente sempre igual a todas as horas do dia e da noite, queria sair dali, mas não sabia aonde ficava a saída, então resolveu perguntar a uma enfermeira, mas todas pareciam tão apressadas, em meio ao vai e vem, tantos doentes com caras de sofrimento e médicos que corriam de um lado para o outro, começou a falar mais alto, quase gritar, querendo chamar a atenção de uma das enfermeiras, mas nada.
Caminhou por um corredor, cheio de portas, cada uma era um quarto, podia ver pessoas vendo televisão, enquanto o seu parente doente ficava deitado cheio de aparelhos. Em outro quarto o rapaz que acompanhava uma senhora idosa falava alto ao telefone, outra folheava o jornal, rápido demais, pensou.
Quando estava quase no final do corredor, um quarto lhe chamou a atenção, estava vazio, pelo menos este paciente não tinha nenhum acompanhante, resolveu entrar e olhar, ver quem seria o pobre infeliz, se aproximou da cama, o aparelho ao lado fazia um barulho estático, e ele pensou que isso não deveria ser bom. Aproximou-se um pouco mais e pode ver um homem, que não tinha nem cinqüenta anos ainda, estava sereno, parecia um pouco pálido, a vida recém soprada de seu corpo não estava longe.
Resolveu olhar melhor a face do morto, e reconheceu aquele rosto, sabia quem havia sido aquele homem. Era ele mesmo! Sentiu o terror congelar o seu corpo, seus olhos o queriam tirar-lo de lá, procuraram uma saída naquele quarto, girou e chegou a cambalear até cair no chão. Mal o som do baque havia sido produzido, seus olhos se abriram de novo, estava sentando no mesmo lugar de antes, em frente ao elevador, havia sido um sonho.
Texto Antonio Pimenta
Imagem “The Operating Theatre” de Malika Favre
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Que tenso! Muito legal!
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Obrigado Ellen! 😀
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