Rita trabalhava no Ver-o-Peso. Cozinhava com a cara no calor do fogão. Havia aprendido com a avó a temperar bem o peixe ou a carne e transformar tudo o que a floresta fosse capaz de oferecer em tempero saboroso. Era casada, na igreja, tinha foto para provar.
Seu marido se chamava Odeusmar. Enquanto Rita suava para colocar comida em casa, ele suava com suas amantes. Eram sete ao todo, se a semana tivesse mais um dia, seriam oito. Rita não entendia como um marido que tinha “Deus” no nome e poderia ser assim.
Um dia quando voltava à noite para casa, Rita não encontrou o marido em casa, mas isso já era esperado, estava com uma de suas mulheres. Sem esperanças de mudar a sua rotina, tomou banho, deitou. Naquela noite Rita não dormiu.
Quando o marido voltou para casa, bêbado e cansado, Rita esperou ele deitar e o matou. Pegou o celular de Odeusmar e ligou para cada uma das amantes, se passando por uma irmã. Fez a mesma promessa a cada uma delas. Hoje a noite seria formalizado o relacionamento tão aguardado, mas pediu apenas uma coisa: Que não comentassem nada com as outras convidadas. Seria uma surpresa para a família. Todas concordaram.
Rita trabalhou muito naquele dia, como já estava acostumada. Cortou cada pedaço de carne do Odeusmar, temperou com alho, vinagre e limão. Começava assim a preparar o jantar das amantes.
Ela era uma cozinheira de mão cheia, o marido grelhou e seria servido com molho de manga com pupunha. Não provou, mas sabia que faltava sal. O tempero final viria com as lágrimas salgadas das amantes caindo na comida, quando anunciasse o segundo prato. O pinto do marido.
A noite chegou com ela sete mulheres muito arrumadas. Perfumes enjoativos se misturaram na sala, falsidades foram trocadas. Rita tomou banho antes, e se arrumou para receber as convidadas. Quando todas haviam chegado, pediu para sentarem à mesa. Tinham 6 cadeiras iguais, uma das amantes (a da quinta feira) sentou em uma cadeira diferente próxima a cabeceira, mas não se importou.
Rita serviu vinho. Era de uma marca vagabunda, mas foi apreciado por elas, que brindavam sorridentes enquanto Rita voltava para a cozinha para buscar o jantar.
A ansiedade pela chegada de Odeusmar durante o jantar aumentou o apetite das moças. Comeram a carne grelhada, com molho de manga com pupunha. Haviam sido comidas tantas vezes por ele, agora o estavam comendo com gosto, mas ainda faltava uma parte que não foi servida.
Rita trouxe mais uma cadeira e talher. Antes de se sentar-se à mesa trouxe uma panela esmaltada, as jovens olharam curiosas. Rita colou a panela na sua frente. Contou para elas que Odeusmar havia chegado. Olharam curiosas para os lados. Abriu a panela e espetou com o garfo e subiu no ar o membro guisado de Odeusmar.
As amantes começaram a gritar e cair das cadeiras desesperadas. Todas saíram da casa correndo e gritando. Menos a da quinta feira que havia desmaiado e Rita, que ainda estava saboreando o seu jantar.
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