Margaret Atwood: Além da Aia

Muitas pessoas descobriram a escritora canadense Margaret Atwood através da série de televisão O Conto da Aia. O futuro distópico imaginado e publicado na década de 80, ganha preocupantes contornos reais na atualidade. Em seus 78 anos de idade, além de muito atuante em causas feministas, Margaret produziu textos variados, que são praticamente desconhecidos do público brasileiro. Resolvi preparar uma lista com alguns livros traduzidos e lançados no Brasil, espero que gostem:

O Conto da Aia

Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.

Vulgo Grace

Um dos principais romances da premiada escritora Margaret Atwood, autora de O conto da aia, que deu origem à elogiada série The Handmaid’s Tale, Vulgo Grace também vai virar série, pela Netflix. A partir de um caso real ocorrido no Canadá na década de 1840, o livro conta a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à prisão perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão, Thomas Kinnear, e a governanta da casa onde trabalhava, Nancy Montgomery.

A história tem início quando a protagonista já está presa. James McDermott, também condenado pelas mortes, há muito fora enforcado. Grace mora no presídio, mas devido ao bom comportamento, trabalha durante o dia na casa do governador da penitenciária em uma Toronto do século XIX com costumes bastante tradicionais. Grace costura e ajuda em alguns serviços mais leves.

Apesar de iletrada, os relatos que Grace faz, de próprio punho, em diários e cartas, e seu bom comportamento em todas as instituições por onde passou, impressionaram clérigos, médicos e políticos da época. Vários trabalharam incansavelmente a favor da jovem, elaborando petições para sua libertação, procurando opinião clínica para dar suporte ao seu caso.

Em seu esforço para descobrir a verdade, o Dr. Simon Jordan, um jovem médico estudioso de doenças mentais, faz visitas constantes à jovem prisioneira e, em um misto de simpatia e incredulidade, utiliza as ferramentas então rudimentares da psicologia para chegar cada vez mais perto do que realmente ocorreu.

Teria sido ela ludibriada por James McDermott, humilhada demais por Nancy Montgomery, acometida de um acesso de raiva ou o mundo simplesmente estaria sendo injusto ao condená-la à prisão perpétua? Respostas que a autora sabe guardar muito bem até o fim do livro.

Dicas da Imensidão

Aos 77 anos, ela é ativa nas redes sociais, onde frequentemente expõe suas opiniões sobre temas como feminismo, meio ambiente, política e economia, assuntos presentes também em toda a sua extensa obra literária. Nesta coletânea de contos protagonizados por personagens femininas marcantes que inaugura o novo projeto gráfico para a obra da escritora pela Rocco, assinado pelo ilustrador Laurindo Feliciano, a canadense Margaret Atwood mostra mais uma vez por que é uma das principais vozes da literatura em língua inglesa contemporânea. São dez narrativas em que a fauna humana se apresenta em toda a sua banalidade e excepcionalidade, em que situações inquietantes subitamente desestabilizam o cotidiano de pessoas comuns, iluminando o instante único capaz de moldar uma vida inteira. Manejando com extrema habilidade os sentimentos, desejos, as frustrações e memórias de suas personagens, a escritora conduz o leitor por uma teia de histórias que falam da beleza e do mistério da condição humana.

A Odisséia de Penélope

Um pequeno episódio narrado por Homero serve como base para A odisséia de Penélope , segundo volume da Coleção Mitos. Trata-se da passagem em que Odisseu e seu filho Telêmaco enforcam as doze escravas que se deitavam com os pretendentes ao trono de Ítaca. Esses pretendentes, nobres e príncipes, tinham se aproveitado da longa ausência de Odisseu para se instalar no palácio real e promover banquetes e festas diárias em que as escravas prestavam diversos serviços. Pela suposta traição ao reino, as escravas são enforcadas.

O que levou ao enforcamento? Qual era realmente a postura de Penélope? “A versão da Odisséia não se sustenta […]; o enforcamento das escravas sempre me incomodou, e em A odisséia de Penélope esse incômodo atormenta Penélope”, explica Margaret Atwood, que deu às escravas o papel do Coro, chamando a atenção para os questionamentos que surgem de uma leitura atenta da Odisséia .

Em A odisséia de Penélope , Margaret Atwood subverte a narrativa original, centrada em Odisseu e suas peripécias, ao longo dos vinte anos em que esteve ausente de Ítaca. A esposa Penélope, personagem emblemática da fidelidade e da obediência feminina, passa a ocupar o centro da história, e a reconta de seu ponto de vista.

Dona de uma astúcia comparável à de Odisseu, ela se vale de inúmeros expedientes para sobreviver com dignidade enquanto o marido não retorna. Mas seus pensamentos, desejos e paixões nem sempre são os mais apropriados a uma casta rainha. Para recontar o episódio, Margaret Atwood usou várias fontes – já que a Odisséia de Homero não é a única versão da história -, e criou uma obra ao mesmo tempo muito bem-humorada e reflexiva.

A Vida Antes do Homem

Escrito em 1979, A vida antes do homem, da canadense Margaret Atwood, chega ao mercado brasileiro com nova tradução e cuidadosa reedição da Rocco. No quarto romance da premiada autora, Elizabeth e Nate são o casal de protagonistas que lutam para preservar o decadente casamento e manter a sufocante rotina conjugal. É neste pano de fundo que se forma o triângulo amoroso com Lesje, jovem mulher que trabalha no Museu de História Natural e para quem os dinossauros são mais importantes que qualquer ser humano.

Casados há uma década, Nate e Elizabeth vivem aprisionados ao instante e resumem-se a atender às necessidades do momento e sobreviver às frustrações do que prometia romper o repetitivo: os amores, a carne, a ilusão do prazer duradouro, a paixão que dura até o primeiro dilaceramento. A crise no relacionamento é acentuada pelo suicídio de Chris, amante de Elizabeth, e o posterior envolvimento de Nate com Lesje. Pouco a pouco, Margaret Atwood revela ao leitor as peculiaridades do relacionamento, aparentemente liberal mas repleto de conservadorismo, do casal de protagonistas.

A Tenda

Em um dos 35 textos compilados em A tenda, Margaret Atwood expressa repulsa por suas fotografias: “Chega de sombras de mim mesma impressas pela luz em pedaços de papel (…). Eu sofro com minha própria multiplicidade.” Mas isso é pura ficção. Porque é justamente a multiplicidade dessa escritora canadense que fez dela uma grande dama das letras. Quase todas as diversas facetas de seu talento estão contempladas neste livro, que reúne trabalhos inéditos ou que tinham sido publicados apenas em jornais, revistas ou pequenas antologias independentes. Aqui estão seus contos, sua ficção científica, sua poesia, sua prosa poética, suas fábulas modernas, seus ensaios ficcionais e seu surrealismo. O que dá coesão a tudo isso são aqueles temperos tão característicos de sua obra consagrada: o olhar feminino, a ácida crítica social, o humor mordaz, a sensibilidade em ver o mundo por pontos de vista inesperados, a construção de imagens inusitadas, as reflexões sobre o eterno embate entre o homem e a natureza. E a escritora ainda assina as ilustrações do livro.

Oryx e Crake

Em ‘Oryx e Crake’, o mundo é apresentado como um lugar pós-apocalíptico e melancólico, habitado por criaturas biologicamente modificadas e tomadas pelo vício. O narrador do romance é o Homem das Neves, um sobrevivente do antigo planeta, que um dia chamou-se Jimmy. No início da trama, ele está em cima de uma árvore, vestindo um velho lençol, lamentando a perda de sua amada Oryx e de seu amigo Crake. Os flashbacks de Jimmy acabam revelando ao leitor que ele testemunhou as experiências genéticas que ajudaram a transformar o planeta num território devastado. Único ser humano a sobreviver, o Homem das Neves tem apenas a companhia dos Filhos de Crake, crianças de laboratório criadas pelo amigo. Neste livro, a autora conjuga uma fábula fantástica, mórbida e cheia de ação, com personagens cujo mundo interior é misterioso e uma constante descoberta.

Negociando Com os Mortos

Em ‘Negociando com os mortos’, a autora fala sobre escrever. Não se trata de um guia para aspirantes a escritor nem de um relato sobre seu processo criativo – a autora recorre aos seus 40 anos de experiência para refletir sobre o que é ser escritor. Cada capítulo traz o conteúdo de uma das seis palestras apresentadas por Margaret Atwood nas Empson Lectures, tradicional ciclo de conferências da Universidade de Cambridge. A autora aproveitou o livro para detalhar algumas passagens e reduzir outras. No primeiro capítulo, a autora conta sua própria história para explicar o que é ser escritor. Sua primeira experiência como tal foi aos 7 anos, quando fez uma peça de teatro. No segundo capítulo, são apresentados os dois lados de todo escritor – o nome que figura nas capas dos livros e a pessoa de carne e osso, inevitavelmente diferentes. Esta discussão leva ao terceiro capítulo, sobre o conflito entre arte e mercado. O escritor surge como instrumento de poder social e político no capítulo quarto. A relação escritor-texto-leitor é abordada no quinto capítulo. No sexto capítulo, Margaret Atwood defende a tese de que toda narrativa é motivada pelo fascínio da mortalidade e pelo medo desse fascínio.

O Ano do Diluvio

Pensamentos uniformes, comportamentos programados, regimes de exceção, controle social, experiências genéticas e a luta por uma sobrevivência cada vez mais em risco pelo desrespeito à natureza estão em O ano do dilúvio, romance pós-apocalíptico da canadense Margaret Atwood. Se todos os elementos de uma distopia estão encadeados na surpreendente trama criada pela celebrada escritora, o futuro em que a história se situa não parece tão distante da atualidade. É nessa época em que uma seita cultua a defesa ambientalista com fervor religioso, resistindo a uma ordem social que preza o conforto e a tecnologia, que os personagens criados por Atwood tentam mudar o mundo – ou apenas sobreviver nele.

Olho de Gato

A autora canadense intercala os momentos de estranheza da Elaine de meia-idade prestes a ser homenageada com as descobertas da Elaine de nove anos, que passa por momentos perturbadores e marcantes na formação de sua personalidade. A história começa na estrada, no período da Segunda Guerra Mundial, quando, com os pais e o irmão mais velho, a garota circula pelo Canadá, sem endereço fixo, dormindo em hotéis e barracas. Quando está prestes a completar nove anos, a família instala-se em Toronto, em uma casa cercada de lama, como outras tantas.

Margaret-AtwoodElisabeth Moss e Margaret Atwood

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